domingo, 26 de junho de 2011
À procura do eu (des)conhecido
sábado, 25 de junho de 2011
À procura do eu (des)conhecido
quinta-feira, 23 de junho de 2011
À procura do eu (des)conhecido
Parte I – A sombra
O despertador tocou alto, incômodo. Na verdade, o que mais atormentava naquela cena era a impassibilidade do sujeito deitado na cama diante de ruídos tão escandalosos. Pausa. O cenário fica mais leve sem o toque do maldito relógio. Era como se tudo aquilo que ali estava, imóvel, fossem eles seres animados ou inanimados, aproveitassem essa calmaria de momento. Afinal, a calmaria nada mais é do que o prenúncio da tempestade. Dito e feito. Recomeça o toque do despertador. Como antes, nenhuma reação do indivíduo deitado. Estaria ele a passar bem? Não há cansaço normal que explique tamanha apatia diante dos irritantes barulhos de um despertador. Pessoa normal, por mais fatigada que estivesse, tomaria alguma atitude. Talvez - por que não poderíamos nós inferir coisas sobre a personalidade de alguém tomando em conta apenas uma impressão momentânea? – o homem que ali vivia fosse assim diante da maioria das situações que se lhe apresentam na vida. Mas são apenas hipóteses. Então, por ora, abandonemo-las. Cessa o despertador. Pelas contas da vizinha de cima, do quinto andar, falta, ainda, um recomeço de despertador, até que cesse, automaticamente, pela última vez nessa manhã, desistindo de levantar aquele moribundo da cama.